quarta-feira, 15 de julho de 2009

Um certo alguém


Tons de azul e branco pincelavam o céu naquela manhã. O sol, mesmo acanhado, saudou o dia. A brisa era fria. Convidava para ficar na cama, afinal eram apenas seis e meia da manhã. A jovem se arrumou apressada. Estava feliz. O domingo seria diferente. Um grupo de amigos a convidara para um passeio no parque. Não era um parque qualquer, além do encanto e exuberância daquele lugar, havia algo diferente. Uma energia que ela só iria descobrir mais tarde. Novas amizades surgiram apesar do acanhamento inicial de qualquer relacionamento. O sol já não era mais tão tímido. Brilhava enquanto todos olhavam deslumbrados para a arquitetura do parque. Brinquedos, bonecos, jardins, lojas e, claro, o sorriso estampado no rosto das pessoas. Adultos e crianças se divertiam como se tivessem a mesma idade. Aliás, isso era o que menos importava. Montanha russa, carros de trombada, roda gigante, algodão doce, pipoca, crepe, muitas gargalhadas e, ops, um certo alguém. Isto não estava nos planos. Fitou atentamente seus olhos e sua boca enquanto conversavam. Estavam a caminho de um passeio aquático. Falavam sobre música. Embora tentasse se concentrar no assunto, algo acontecia dentro de seu peito. O coração batia de forma descompassada. O que está acontecendo? Pensou a jovem. A turma se juntou novamente. Hora de mais diversão. Lá estavam eles de novo. O destino parecia cuidar para que os dois ficassem juntos. O rapaz, muito descontraído e carismático, entretia-se com uma colega do grupo. A jovem sentiu-se desconfortável. Mais uma vez não entendia o porquê. Passavam das cinco da tarde. Hora de ir embora. Na viagem de volta ela sentou-se distante daquele jovem. Uma atitude involuntária. Mas a distância não durou muito tempo. Os amigos a chamaram para participar da cantoria que acontecia nos fundos do ônibus. Lá foi ela. Agora prestava atenção nas mãos dele. Tocava violão muito bem. Coisa que ela sempre admirou. Sentia-se muito bem em sua presença. Sentimentos estranhos surgiram novamente. Tinha medo da novidade. A timidez não foi empecilho para arriscar umas notas musicais. E para sua surpresa, o rapaz ficou impressionado com a sua voz. Gostou do elogio, mas não olhou nos olhos dele. O tal sentimento a incomodava. Não queria sentir nada além de amizade. Mas como é possível mandar no coração? Fim da viagem. Hora da despedida. Acenou para alguns, beijou a face de outros e deixou o rapaz por último. Abraçaram-se. Aquela poderia ter sido a primeira e última vez que estiveram juntos. Ele sussurrou algo em seu ouvido e o tal sentimento surgiu novamente. Dessa vez mais forte. Estava apaixonada. Naquele momento as outras pessoas desapareceram. Só existiam os dois. Segundos pareciam longos minutos. Olharam-se pela última vez. A jovem virou-se e foi-se embora. O sentimento que não compreendia bem voltaria a sentir novamente. Para ela uma tortura, já que era casada.

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